sexta-feira, 29 de abril de 2011

Drogas: crack: estudo psicológico e social

  
Este estudo é um guia para a extrema aflição de pais ou responsáveis e amigos de pessoas que viveram ou vivem esta verdadeira tragédia moderna e nada silenciosa diria. Não irei abordar nenhum aspecto médico dos efeitos do consumo da droga, pois não seria minha área, me atendo exclusivamente aos fenômenos psicológicos. Para não perder tempo à essência de dita droga é a aceleração em todos os sentidos, uma espécie de “banda larga” de todas as drogas; o que o álcool ou outros entorpecentes levariam anos para consumir o indivíduo, esta o faz em pouquíssimo tempo.

O próprio modo de uso da droga denota seu simbolismo: lata de alumínio, cinza de cigarro, tudo que podemos não apenas considerar lixo, mas ao mesmo tempo diz da frieza e falta absoluta de preocupação com qualquer aspecto da saúde, aliás o que dirá dos efeitos da exposição do alumínio no organismo. O suposto atrativo desta droga é o baixo custo da mesma (cerca de 5 reais a pedra), porém, ledo engano, já que é a droga que mais leva a perdas financeiras por incrível que pareça, pois a pessoa a fuma durante dois, três dias quase que ininterruptamente, pois o efeito dura cerca de dez minutos, então no final das contas é uma falsa imagem de droga barata, pois seu consumo é desenfreado.

Na verdade o crack é a loucura potencializada do próprio sistema de consumo que talvez inveje o mesmo, um produto para ser consumido diariamente, apelando de todas as formas possíveis para obtê-lo.

O perfil do usuário da droga passa essencialmente pela solidão, já que boa parte dos usuários gosta de consumir a droga sozinhos, em hotéis ou motéis, a não ser que não tenham recursos para o mesmo, consomem em grupo. A quase ausência de cheiro da droga (levemente borracha queimada), facilita seu uso em quase qualquer local, este é um dos fatores que também ajudou a disseminar tal entorpecente. Inicialmente a droga como disse era consumida quase que por indigentes digamos, (nos estados unidos é conhecida como a cocaína dos mendigos), para após se disseminar em todas as classes sociais; o fato é que guardando as devidas proporções, é uma droga que leva o individuo `a total mendicância, mantendo parece seu rótulo de origem.

Diz-se que vários outros tipos de drogas induzem ao uso do crack, tipo maconha e álcool. A afirmação é absolutamente verdadeira, pois se ativa uma euforia que é a base para  o início do consumo do crack, adiante irei discorrer sobre esse ponto. O fato é que repetindo o que disse tudo leva a aceleração em nossa sociedade, seja o crack que irá matar mais rápido, anabolizantes, sites de namoro que aceleram os relacionamentos, cortando fases cruciais dos mesmos, cirurgias de estômago para apressar regimes, então se criou também uma droga acelerada em todos os aspectos (dependência e efeitos colaterais).

Alguns pais cujos filhos são dependentes de crack me disseram incrivelmente que um dia gostariam de experimentá-lo a fim de entender tanto amor e dedicação perante a droga. Isto é mais uma prova do devastador poder desta droga, pois ao contrário de outras arrasta quase que todos para seu redemoinho malévolo. O crack é o resto de cocaína misturada com bicarbonato de sódio, amônia e água destilada que resulta nas pedras que são fumadas no cachimbo ou lata; nesta última se amassa a mesma, se coloca cinza de cigarro junto com a pedra, se fazendo orifícios na lata, se acende e a pedra vai se consumindo e o usuário traga a fumaça pelo bocal.

É cerca de 6 a 10 vezes mais forte que a cocaína, fazendo o efeito para o cérebro em apenas 15 segundos após a inalação; causa aumento de pressão, suor intenso, aceleração dos batimentos cardíacos, insônia e desnutrição quase que completa. Já é a droga mais consumida na classe média alta, em função de vários fatores (acessibilidade, quase ausência de cheiro e o baixo preço, pois a lei da economia também impera nesse setor, embora como disse seja um falseamento a droga custar pouco).

Os usuários relatam em boa parte dos casos sentirem idéias ou delírios paranóicos que vão ser flagrados consumindo o crack, ou puras idéias de perseguição ou que serão assassinados; tais fenômenos também ocorrem com outras drogas, mas parece que a paranóia é o ponto crucial desta. Outro fator preponderante é que o consumo quase sempre foi motivado anteriormente por um suposto estado de euforia, como se a sensação de felicidade empurrasse o usuário para o consumo do entorpecente.

 A verdade é que a droga é a tentativa mais tresloucada de perpetuar algo impossível, um eterno estágio de satisfação ou êxtase. Taxativamente digo que o usuário desta e de outras drogas sofre de transtorno bipolar ou a antiga síndrome da dupla personalidade. Por um lado todos notam que são pessoas extremamente amáveis, sedutoras, agradáveis, sendo que todos desejam sua convivência ou companhia. São doadoras por natureza, cordiais, ajudam os mais necessitados e solícitos no infortúnio alheio.

Mas a droga rapidamente revela sua outra faceta de crueldade, egoísmo e pouca relevância com o sofrimento dos familiares e amigos. O estado de drogadicção faz com que toda a agressividade latente venha à tona; usando a própria simbologia do crack, é como uma lata que colocássemos dentro do mar para retirar a areia do fundo, no caso todos os instintos caóticos e destrutivos que um ser humano pode vivenciar.

A questão social e psicológica pouco debatida em relação aos entorpecentes, não é necessariamente uma droga em questão, mas que a coisa se assemelha ao desenfreado consumo tecnológico, ou seja, qual será a grande novidade de um televisor ou aparelho eletrônico, e paralelamente o que virá após cocaína, crack ou outros entorpecentes? O mecanismo é o mesmo e todos tem de estar atentos para tal fenômeno. Que qualquer droga é nociva já é mais do que um apanágio na literatura médica, a grande questão é o porque sempre determinado problema se reveste de uma capa ou roupa nova; imitação do modelo de consumo é claro.

Qualquer tentativa de tratamento passa inicialmente pela compreensão mais do que profunda que se criou com a droga um deus corruptor, que lhe fornece um prazer onde o preço é inquestionável: a total escravidão psíquica e física da pessoa. Um outro problema muito sério na questão da droga é o conceito da chamada co-dependência. Esta é via régia consciente e inconsciente que mais alimenta pelo lado psíquico a permanência da drogadicção.

São os familiares ao redor do drogado que sob a justificativa de estarem imersos no problema, acabam tirando uma vantagem absolutamente neurótica da situação. Necessitam do cuidar do outro como um farol para sua vida que até então estava pacata ou sem sentido. Há uma espécie de pacto com o sofrimento, pois o mesmo desvia todo o foco da atenção de problemas pessoais e existenciais não resolvidos. Quantos pais na vivência clínica que observei atuavam tal fenômeno, principalmente ao vê-los dando dinheiro ao filho mesmo sabendo que o mesmo iria consumir drogas, com a desculpa de evitar que caísse na marginalidade, ou ainda quantos tratamentos não observei serem interrompidos quando se diagnosticou que algum familiar também deveria se submeter a uma psicoterapia.

A co-dependência apesar de todo o infortúnio dá vida e preenchimento para aquela pessoa que se encontrava ociosa do ponto de vista psicológico, é também uma posse e apego sobre o outro, sendo a certeza de que apesar de tudo o que está vivenciando poderia talvez adiar o confronto com sua solidão pessoal ou carência, por isso a entrega plena para o problema do filho ou parente.

Outra essência psicológica da co-dependência fica bem evidente: necessidade de regressão a estágios primários ou infantis de cuidado ou amparo por parte do usuário, e reconquista de um poder absoluto sobre a pessoa por parte dos familiares. É um retorno à fase oral no drogadicto com aquele imenso prazer de sucção sentido quando era bebê, acompanhado de um familiar nas necessidades anteriores ou posteriores desse estágio.

É imensa a sedução de regredir a uma etapa onde necessitará de cuidado extremo, e do outro lado à sobrevivência do drogado dependerá quase que inteiramente dos responsáveis ou familiares, esse é o traçado exato da co-dependência, voltar ao vínculo de outrora, só que por um lado totalmente trágico ou neurotizado. Sem dúvida a conseqüência de todo esse processo é a doença que se instalará em todos que participam disso.

Mas afinal de contas quais os substratos inconscientes que reforçam a compulsão? Agressividade, solidão, narcisismo, carência, timidez. Fica difícil dizer qual deles é preponderante. Em quase todos os usuários a agressividade e revolta latente sempre foram à tônica de seu psiquismo. A solidão juntamente com a carência forma o repertório psicológico do sujeito; a timidez é sempre freqüente, odiando falar de si próprio, aliás esta última é um ícone da maioria dos usuários do crack ou outras drogas, pois o dito entusiasmo, euforia ou alegria que poderiam ser compartilhados com alguém, são totalmente “privatizados” numa esfera química, compulsiva, doentia e totalmente individualista.

O narcisismo também é um grande aliado do problema, sendo que a maioria dos usuários sofre desse distúrbio, seus familiares conhecem muito bem os sintomas: arrogância, prepotência, teimosia, falar demais e escutar pouco, provocações dentre outros. Afora esse histórico narcisista podemos inferir que se vangloriam por sensações únicas que a droga lhes proporciona, uma espécie de xamã às avessas em nosso cotidiano.

O crack sob a ótica psicológica é escolhido principalmente por aquelas pessoas que apresentam um caráter extremamente narcisista como disse, mas o leitor deve se perguntar porque uma droga tão “suja” possa ser referência para tal personalidade? Exatamente pela dialética da questão, alguém com extremo orgulho ou vaidade se lança no mais profundo abismo de perder tudo o mais rapidamente possível, o famoso processo da compensação ou contradição agindo sempre de forma inconsciente. Esse é exatamente o poço de todos que se aventuram em tal empreitada, achando que teriam o controle sobre algo tão macabro, é o erro mais mortal de todos e até ingenuidade, pois se nem com o álcool a pessoa consegue uma parceria equilibrada, o que dirá de algo que é o resto de uma química tão destrutiva. Voltamos ao narcisismo principalmente da juventude achando que poderia desafiar aquilo que não tem nenhuma competência para lidar, essa é outra questão psíquica da droga, se testar, desafiar e depois ficar totalmente preso na armadilha.

A conseqüência psicológica mais nefasta que observei nos usuários do crack é a amplificação ao extremo da ansiedade. Mesmo nas raras ocasiões onde se encontram sem o uso, seu comportamental delata a todo o instante dito fenômeno, não conseguindo a concentração e eficácia para qualquer tipo de projeto ou raciocínio, ou seja é uma droga que continua agindo quase que indefinidamente, não importando num dado momento se há ou não o consumo, mas sobretudo a persistência dos sintomas; é um processo um tanto diferente da crise de abstinência alcoólica, onde há a falta mas não existe tanto o efeito, no crack não dá para diferenciar o que é a dita crise e o efeito propriamente, e sempre o condutor disso tudo é a extrema ansiedade.

 O crack na própria definição de alguns usuários é a “raspa mais profunda de um lixo produzido pelo capeta”, o fato interessante também segundo os usuários é o clima não só de terror ou paranóia descritos anteriormente, mas a imensa carga negativa criada pela droga, já que diversas pessoas morreram brutalmente na cadeia de produção e venda da mesma. Este fato do clima circundante perante a droga é novo e deveria ser objeto de um estudo mais aprofundado.

O drogado sem nenhuma sombra de dúvida é uma pessoa sensível, sendo que a droga era sua esperança de tentar algo diferente, uma ruptura com o horror do tédio diário em nossa sociedade. Além do fracasso de tal meta, há ainda um elemento pior que o mesmo nunca se dá conta, de que sua doença conseguiu até atrair a solidariedade e compaixão de seu meio, o que seria precisamente a cura para qualquer tédio, mas infelizmente a nuvem de entorpecimento em sua percepção não lhe permite que visualize tal fato.

Um outro problema em relação aos familiares é o forte sentimento de inveja desenvolvido por alguns irmãos por terem a certeza de estar se privilegiando uma pessoa que a despeito de todo o sacrifício depositado, não consegue não apenas ser grata, mas que também não estabelece mais nenhum tipo de vínculo, excetuando com a droga. Não se pode falar de cura para o crack, justamente por ele ter sido eleito como algo divino na estrutura psíquica do usuário. Assim como jamais se pode destruir o conceito de deus, na droga se dá o mesmo justamente pela religiosidade que a mesma contém ao reverso. Não há qualquer prova científica do uso de drogas poder ser genético, o que há no início é um distúrbio psíquico que levou ao uso para depois se tornar um fator químico.

O tão alardeado conceito da curiosidade de experimentar uma droga é totalmente limitado do ponto de vista psicológico. Pois esta pessoa com a curiosidade geralmente é um adolescente carente, solitário ou com forte complexo de inferioridade, ou então alguém como disse extremamente narcisista onde sua ousadia faz a escolha pela “banda larga das drogas” já nas primeiras vezes. É preciso não se criar mitos, ninguém tem curiosidade de chegar perto de uma cobra extremamente venenosa, a não ser que queira um exibicionismo suicida.

Qualquer curiosidade quanto a algo que interfere na mente do sujeito denota de cara um problema mal resolvido do ponto de vista psíquico, e é importante todos saberem disso, pois do contrário estaríamos romantizando o uso da droga. Outro mito é que a droga é uma fuga dos problemas do cotidiano, ninguém poderá se furtar das adversidades da vida, e todos tem consciência disso. A droga é uma muleta para alguém que num determinado ponto assumiu ou sentiu-se derrotado, ou não soube elaborar sua revolta pessoal, ou ainda que teima em que seu meio fosse exatamente o modelo que tem em sua mente.

Quando ouvimos aquele famoso relato que necessitou da bebida ou qualquer outra coisa para aliviar um pouco a timidez, a esfera mental da pessoa já sabe que se encontra na perda ou com um sério problema que não consegue resolver, assim sendo a droga passa a ser a válvula de escape para o não confronto com o mais puro medo, pois insisto que a pessoa já sabe de antemão que não iria efetuar tal projeto sonhado, não é a fuga, mas dissimular seu complexo de inferioridade.

O problema da suposta cura das drogas, não passa apenas pela dificuldade de superação do pólo químico, mas poucos perceberam que a droga é um catalisador ao extremo do apego e medo da mudança, sendo o atestado máximo da descrença em algo diferente, um alinhamento da neurose obsessiva compulsiva com uma rotina de caos. Na seqüência elaborei alguns passos apenas do ponto de vista psicológico, uma espécie dos 12 passos do aa estritamente psíquico como disse, para que usuários e familiares reflitam talvez com um profissional toda a problemática.


1)   aceitar que sua busca inicial pelo crack ou qualquer outra droga foi motivada não apenas pela curiosidade ou embalo, mas nasceu do espírito competitivo do sujeito, além do forte desejo de infringir limites, revolta (contra a família ou o meio social), solidão, comparação, tristeza e inveja perante algo material ou pessoal. A droga sempre irá representar um conflito psicológico assumido ou não.

2)   a extrema necessidade de consumo cresceu em paralelo ao absoluto fracasso e indolência de sua vida pessoal, e a droga representa a potencialização de um comodismo na sua rotina de infelicidade e destrutividade.

3)   a falta de tentativa para uma recuperação está associada à sua profunda insensibilidade em relação às pessoas que realmente gostam e se importam com o indivíduo, e tal desleixo se torna um instrumento sádico contra si próprio e seu meio.

4)  a busca pela droga representa a timidez ou incapacidade de troca do sujeito, privatizando determinado prazer de forma alucinatória, se recusando a satisfação no plano real.

5)   o drogado nunca almejou depositar a confiança em alguém, por arrogância ou prepotência, tais fatores inibem verdadeiras ações de ajuda ou restauração.

6)  o drogado é um imenso narcisista, e tal característica sempre o levou a extrapolar qualquer senso de limite, isso se torna um aliado em sua extravagância que apenas trouxe dor e sofrimento para seus familiares e amigos.

7)   sua ambição desmedida contraditoriamente o leva a perder tudo, não apenas em função da droga, mas acaba forçando também que seu meio invista tudo apenas nele, não bastasse esse egoísmo não assimilado pelo sujeito, o mesmo nunca tem o valor real das coisas, a regra é apenas obtê-las, não importando se terão ou não uma duração. Notem que boa parte dos drogados tem como peculiaridade serem talentosos ou com espírito empreendedor, porém acabam sempre no fundo do poço por não refrearem seus instintos megalomaníacos.

8)   perceber que a ansiedade sempre foi à alavanca mestre para o início do comportamento de drogadicção, e o fracasso em controlar a mesma é nunca ter feito realmente um inventário psicológico sobre suas reais necessidades ou desejos, estes sempre foram difusos no decorrer de sua história de vida.

9)  perceber que a palavra “cura” não tem nenhum significado no caso da droga, já que será um espírito ou entidade que rondará seu psiquismo até o final de sua vida, assim sendo, o projeto para a melhora passa por a cada dia sabotar a primazia e hegemonia do vício.

10) sendo novamente enfático, a compulsão é quase que incurável, desse modo o próprio indivíduo deverá fazer a transposição da mesma para atos e comportamentos que o beneficiem, e contar com a ajuda de si mesmo e profissional de que conseguirá tal empreitada.

11) quando sair de uma internação ou estiver “limpo”, amplificar ao máximo a sensação de bem estar que a ausência da droga fornece e perceber como é valioso tal momento. O fato é que se a droga era uma religião, tem agora de cultivar essa devoção no sentido contrário, exaltando diariamente sua capacidade de recuperação e mudança.

12) este talvez seja o princípio mais simples e o mais importante, saber que sozinho jamais conseguirá superar tal dificuldade, pois a droga é como a imagem de um lutador profissional contra um amador, assim sendo necessita-se de ajuda ou mais pessoas para lutar contra tão forte oponente, enfim, o orgulho ou arrogância contra um adversário com o dobro da capacidade só levará o indivíduo à derrota.

13)  perceber como a mentira foi sempre à substância mais aderente na problemática da droga, e que deve lutar diariamente para não se utilizar a mesma seja em qualquer área, pois assim como algumas drogas levam a outras, a mentira certamente pavimenta sempre uma estrada para a recaída.

14) novamente falando em ansiedade perceber as seqüelas da mesma em atitudes ou comportamentos diários, e ter consciência de que quanto mais tentar uma hegemonia ou imposição de seus conceitos ou idéias, mais poderá voltar ao estado de outrora, pois outro conceito da droga é a insistência de um passado comportamental do ponto de vista psicológico.

Texto totalmente produzido pela experiência clínica do autor.
Psicólogo antonio carlos alves  tels: 26921958 /93883296

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