quinta-feira, 8 de março de 2012

ONG revela que 25 mulheres foram assassinadas em 2012 na Paraíba

Michele e Isabela foram estupradas e mortas durante festa (Foto: Reprodução/TV Globo)
Michele e Isabela foram estupradas e mortas
durante uma festa (Foto: Reprodução/TV Globo)

O número de mulheres assassinadas na Paraíba cresceu 287,5% nos dois primeiros meses deste ano, de acordo com os dados do Centro da Mulher 8 de Março. Nos primeiros dois meses de 2011, a ONG registrou 8 homicídios de mulheres. Já no mesmo período deste ano, foram registrados 23 casos.

A coordenadora geral do Centro da Mulher 8 de Março, Irene Marinheiro, aponta um fator para o crescimento dos casos de violência na Paraíba. “A gente acredita que a violência como um todo tem aumentado e a impunidade é a razão principal para o crescimento dos homicídios”, disse.

Um dos casos mais recentes aconteceu em Queimadas quando cinco mulheres foram estupradas durante uma festa de aniversário e duas delas assassinadas. Os acusados do crime são dois irmãos que promoviam a festa e ainda alguns convidados. A recepcionista Michele Domingues da Silva, de 29 anos, e a professora Isabela Pajussara Monteiro, de 27 anos, teriam sido mortas porque identificaram os criminosos.

Sete homens acusados dos crimes estão detidos no presídio de segurança máxima PB1, em João Pessoa, e três adolescentes estão internados provisoriamente em um abrigo em Lagoa Seca.

Paralelo ao aumento da violência está o aumento das denúncias.  “Nós avaliamos que as mulheres criaram coragem de denunciar, mas não podemos esquecer que um dos maiores desafios tem sido o enfrentamento da violência doméstica e familiar”, de acordo com Irene Marinheiro. Em 90% das ocorrências, os autores da agressão são ex-companheiros ou até os atuais companheiros das vítimas. “Houve um caso na semana passada que a mulher já estava separada há vários anos, mas o ex-marido não aceitava o fim do relacionamento. Ele viu a ex-mulher em um bar com um namorado e a matou”, disse Irene.

A orientação é que em caso de violência, a primeira providência que a mulher deve tomar é denunciar. Em João Pessoa, as mulheres podem procurar a Delegacia da Mulher, localizada no bairro da Torre ou ligar para (83) 3218-5318.

De acordo com a coordenadora da ONG, é fundamental a mulher não se deixar envolver pelos pedidos de perdão do agressor. “O companheiro pede perdão para que ela não faça a denúncia. A gente pede para que todas as mulheres que sofram violência denuncie para que escape com vida”, explicou.

Comparativo da violência
Ocorrências20122011
Homicídios2544
Tentativas de homicídio1763
Estupro de mulheres1123
Estupro de adolescentes345
Estupro de criança236
Tentativa de estupro de mulheres318
Tentativa de estupro de adolescentes110
Tentativa de estupro de criança715
Agressão1874

E a violência física é apenas um dos tipos de agressão. “Começa com a violência psicológica, que causa marcas emocionais profundas. Em seguida parte para agressão física e para a morte é um passo”, disse Irene.

De 1° de janeiro até 6 de março deste ano, a ONG registrou 25 mortes de mulheres. Pelos dados, em 11 homicídios as vítimas tinha alguma ligação com o tráfico de drogas. Na quarta-feira (8) uma mulher foi morta a pedradas no distrito de Várzea Nova, em Santa Rita, na Grande João Pessoa. De acordo a polícia o crime pode ter ligações com o tráfico de drogas, pois a vítima seria usuária.

Gilberta Santos Soares, secretária Executiva da Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana, explicou que não tem cereza que esses números comprovam que a violência cresceu contra a mulher. Segundo Gilberta, o que realmente se sabe é que a divulgação e o número de órgãos envolvidos elevou-se bruscamente.

Uma das medidas realizadas pela secretaria para dar apoio as mulheres que sofrem risco de morte no estado foi a instalação da Casa Abrigo Estadual Mariane Thaís. Lá as mulheres recebem atendimento psicológico, social e jurídico.


Fonte: G1

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