Quase metade das crianças e adolescentes (48%)
com algum tipo de deficiência e que recebem o BPC (Benefício de Prestação
Continuada) estão fora da escola. A proporção equivale a cerca de 200 mil
jovens que deveriam estar estudando, mas não conseguiram vaga nas escolas ou as
famílias não efetuaram a matrícula.
Os números são do MEC (Ministério da Educação)
que nesta quarta-feira (21) lançou em Brasília a 2ª edição do Prêmio
Experiências Educacionais Inclusivas. De acordo o ministro Fernando Haddad, o
grande contingente é fruto de problemas culturais (as famílias não têm a
compreensão da necessidade e do direito de as pessoas com deficiência
estudarem) e também da “falta de iniciativa” do Poder Público local.
Haddad espera que as secretarias de Educação dos
estados e dos municípios busquem as crianças e os adolescentes que não estão na
escola.
- Eu tenho o cadastro de todas as crianças que
recebem por lei um salário mínimo em virtude de uma deficiência [o BPC]. Eu
tenho esse cadastro [da Previdência Social] e cruzo com o do MEC. Se eu não
encontro a criança matriculada, eu tenho que visitar essa criança. Cem mil
crianças já foram resgatadas com esse processo, nós temos que buscar essas 200
mil.
De acordo com a secretária de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, Cláudia Pereira Dutra, muitas
famílias têm medo de perder o benefício ao matricular os filhos porque, na
visão dessas pessoas, a frequência escolar seria a comprovação de que não
existe invalidez. Cláudia afirma que não há essa possibilidade e esclarece que
a Constituição Federal determina que a educação é “direito de todos e dever do
Estado e da família”.
- Esse recurso [do BPC] é para promover a
qualidade de vida das pessoas, entre eles, o exercício do direito à educação.
Segundo Cláudia, desde 2007, mais de 24 mil salas
de recursos multifuncionais (com equipamentos, mobiliários, material para
atendimento especializado) foram instaladas nas escolas públicas (investimento
de R$ 150 milhões). Anualmente, o PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola)
oferece R$ 100 milhões para a adequação física de escolas (construção de
rampas, instalação de corrimão, adaptação de banheiros).
Na opinião da secretária, além da adequação
física e da formação dos professores, é fundamental a compreensão dos
profissionais que atuam nas escolas de que muitas pessoas com deficiência
necessitam do apoio de um acompanhante permanentemente – como parentes que
possam ficar na escola para ajudar em atividades em sala, na locomoção, na
alimentação e no uso dos banheiros.
No ano passado, escolas públicas de 420
municípios de todo o país inscreveram 713 iniciativas para concorrer ao Prêmio
Experiências Educacionais Inclusivas. Uma escola em cada região foi premiada.
Este ano, o prêmio terá três categorias: escolas públicas (para experiências
pedagógicas exitosas); secretarias de Educação (para gestão do sistema de
ensino que gere inclusão); e estudantes de escolas públicas (para texto
narrativo sobre o tema A Escola Aprendendo Com as Diferenças, que deve ser
elaborado por estudantes dos anos finais do ensino fundamental e do ensino
médio). O primeiro colocado recebe um notebook.
As inscrições devem ser feitas até 31 de
dezembro, o regulamento está no site do programa. Além das três
categorias, a premiação fará menção honrosa à experiência pedagógica de
educação infantil.
- O estímulo nesta fase é fundamental para que o
aluno não tenha dificuldade de adaptação no futuro.
Fonte: R7
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