sábado, 1 de dezembro de 2012

Casos de Aids na Paraíba sobem 11,52% em um ano


Jornal Correio da Paraíba

Luiz Carlos é portador do vírus há 25 anos
No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, comemorado neste sábado (1), uma constatação: com os avanços da medicina, é possível que os portadores da doença tenham uma vida tão longa quanto a de uma pessoa sem o vírus. 

Segundo explica a infectologista Joana D’arc Frade, a diferença da expectativa de vida entre os dois grupos é de, no máximo, cinco anos. “Hoje, o brasileiro vive, em média, 74 anos, então, uma pessoa com Aids pode viver próximo aos 70, se for diagnosticada e tratada precocemente”, enfatizou. Um bom exemplo é o de Luiz Carlos de Souza Pinto, 51, que convive, há 25 anos, com a síndrome. Assim como muitos outros casos, porém, o começo não foi fácil.

Desde que a doença comentou a ser notificada, em 1985, 5.096 pessoas na Paraíba foram diagnosticadas com Aids. Este ano, foram 426 novos casos, o que representa um crescimento de 11,52%, se comparado ao ano passado, e de 79,75%, se comparado com 11 anos atrás.

Luiz Carlos descobriu a doença em 1987, no entanto, até 1999, não fez tratamento. Ele acreditava que o diagnóstico já tinha sido uma condenação de morte. “Fiquei desiludido. Larguei tudo e fui morar na casa de um amigo”, lembra. Lidar com o impacto da doença também foi bastante difícil para o professor universitário Djalma Toscano Oliveira Neto, 32. Ele descobriu que era soropositivo há um ano e meio, o que lhe gerou uma forte depressão. “Não sabia o que fazer. Fiquei de um lado para o outro, sem rumo”, contou. O pior mesmo foi o preconceito, que lhe fez perder inclusive o amor de seu parceiro. “Depois de um ano assim, comecei a definhar, até que me levaram para o hospital Clementino Fraga. Foi aí que eu recuperei a vontade de viver e iniciei o tratamento”, lembra.

Ter esse acompanhamento médico é fundamental, alertam os médicos. Apesar de não ainda não ter cura, a Aids pode ser enfrentada como qualquer outra doença crônica, como o diabetes e problemas cardíacos. “É uma doença controlável, mas que precisa de um acompanhamento rigoroso e de uma disciplina no tratamento”, explica a infectologista Joana D’Arc Frade. 

A médica alerta que a descontinuidade no tratamento é responsável pelas pioras nas condições de saúde dos portadores do HIV. “Com certeza esse é um grande problema, porque vai gerar várias complicações. O vírus tende a se tornar resistente, a imunidade tende a ficar baixa, o vírus gera inflamações no corpo, que fica susceptível a várias doenças oportunistas. Sem dúvidas, sem rigor, a pessoa não vai ter uma vida longa”, disse.

“Preconceito ainda é grande”

A diretora geral do Clementino Fraga, Adriana Teixeira, informou que o paciente pode ficar internado para tratamento ou receber atendimento na parte ambulatorial. Pelo menos 1.750 pacientes recebem medicamentos nesse hospital mensalmente. Este ano, já realizou 5.929 testes rápidos até outubro. “Percebemos que o preconceito ainda é grande e isso impede que as pessoas procurem fazer o teste rápido”, disse. 

Maioria é do sexo masculino

A maioria das pessoas contaminadas pelo vírus HIV é do sexo masculino. De 2007 a 2011, houve um crescimento de 63% da doença nesse grupo, passando de 165 para 269 casos. Já a quantidade de óbitos cresceu 136% em 12 anos (de 2000 a 2011), passando de 50 para 118 mortes.

Todos estão vulneráveis

A gerente operacional de DST/Aids e Hepatites virais da SES, Ivoneide Lucena, comentou que o aumento do número de casos de Aids deve-se também ao aumento de testes rápidos que estão sendo realizados. Este ano, o órgão implantou  os testes para diagnóstico da Sífilis e do HIV em 60% dos municípios paraibanos, ou seja, em 133 cidades. Na Capital, esse procedimento pode ser encontrado na atenção básica. 

Ela reconhece que a população ainda está se prevenindo pouco, agravado pelo fato de que a aparência de uma pessoa com Aids não é mais cadavérica. “Todos nós estamos vulneráveis a adquirir o HIV, basta passar por uma situação de risco. Hoje, com quase 30 anos da Aids, infelizmente ainda existe muito preconceito”.

Hospitais

O tratamento para Aids pode ser feito no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC), Complexo de Doenças Infectocontagiosas Clementino Fraga. Dentre os profissionais, os pacientes recebem acompanhamentos de infectologistas e psicólogos. 

Em Campina

De 2006 a 2012, a Secretaria Municipal de Saúde, registrou 276 casos de Aids em Campina Grande. Nesta sexta-feira (30), foi realizada uma mobilização, com teste rápido de HIV no Centro de Testagem e Aconselhamento do Serviço. A mobilização, que atendeu mais de 40 pessoas, antecipou o Dia Mundial de Luta contra o vírus HIV, celebrado sábado.

Na Capital

Hoje, das 7h até 13h, no Busto de Tamandaré, na orla marítima e no Centro da Capital, profissionais da área de saúde realizaram testes rápidos de Aids, hepatites virais e sífilis, acompanhamento pré e pós-testes e distribuição de material educativo e de preservativos.


Fonte: Portal Correio

Nenhum comentário:

Postar um comentário