Estudo realizado com voluntários no Rio de Janeiro e em São Paulo busca
alternativas para combater a “fissura” de viciados em apostas
A Santa Casa da Misericórdia no Rio de Janeiro
está à procura de voluntários para realizar a segunda etapa de testes em que
medicamentos usados no combate ao alcoolismo são prescritos para combater a “fissura” de jogadores patológicos (que precisam apostar dinheiro).
Assim como o alcoolismo, o vício em jogo não
tem cura e o tratamento leva a crises de abstinência. A recuperação pode se dar
com a ajuda de grupos como Jogadores Anônimos ou tratamento psicoterapêutico ou
psiquiátrico (em que sessões de análise são
combinadas com medicamentos de uso controlado).
“É muito comum ver jogadores patológicos sofrendo com depressão aguda”, afirma a
psicóloga Viviane Fukugawa, integrante da equipe de pesquisa do Programa de
Transtorno do Impulso do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa.
Desta vez será testado o Naltrexone que, nos alcóolicos, bloqueia receptores responsáveis
pelo efeito excitatório causado pelo bebida. A ideia é comprovar se o
medicamento – de uso controlado – também é capaz de combater a “fissura” dos
jogadores patológicos.
O estudo também está sendo realizado em São Paulo , no Hospital
das Clínicas da USP. A pesquisa começou em 2010, com cerca de 60 voluntários em
cada estado. Na primeira etapa, jogadores receberam doses de Topiramato, também
de eficácia comprovada no controle de compulsão por álcool e alimentos.
A vantagem de um remédio sobre o outro é o
foco do estudo. “Os dados do Topiramato e Naltrexone serão comparados e
analisados ao final do processo, que ainda não tem data”, explica a supervisora
do programa no Rio de Janeiro, Elizabeth Carneiro.
“De todo modo, já tivemos bons resultados. Mas
como o estudo é duplo cego, ou seja, alguns voluntários recebem placebo, ainda
não podemos afirmar se os casos bem sucedidos foram consequência do Topiramato,
medicação testada até agora”, acrescenta Viviane Fukugawa.
Assim como o trabalho com o Topiramato, a
segunda etapa, com Naltrexone, será realizada em 12 semanas (três meses). De acordo com Fukugawa, a
nova fase também será feita com placebo. A cada 15 dias os voluntários terão de
comparecer à Santa Casa para acompanhamento presencial. Na quinzena seguinte, o
monitoramento será feito por telefone.
Simpósio vai atualizar dados
De acordo com a psicóloga Viviane Fukugawa, na
próxima semana (entre os dias 27 e 30 de
junho) será realizado um simpósio no Colégio Brasileiro de
Cirurgiões, no Rio de Janeiro, em que serão atualizados os estudos sobre
jogadores patológicos.
“Até então, sabia-se que homens eram mais propensos
ao vício. Mas posso afirmar que hoje esta situação está bem equilibrada entre
homens e mulheres”, diz a psicóloga.
Outro dado que será apresentado diz respeito a
um novo perfil de jogador. “O que está acontecendo, por exemplo, é um número
muito grande de pessoas que fazem apostas na internet”, adianta Fukugawa. “Mas,
atenção, não é o jogo eletrônico em si. Para ser patológico,
tem que ter apostas”, complementa.
Voluntários interessados na pesquisa na Santa
Casa da Misericórdia podem se inscrever pelo telefone (21) 7871-0169 (com
Elizabeth ou Viviane). Para se candidatar é preciso ter entre 21 e 65 anos.
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