Um dos pescadores
que foram resgatados após ficarem mais de 20 dias à
deriva em alto-mar morreu na madrugada desta quarta-feira (13). Leandro
Vidal Martins, de 34 anos, estava internado no Hospital Municipal Salgado Filho,
no Méier, zona norte do Rio.
De acordo com a unidade, o pescador morreu em decorrência da desidratação e
de complicações renais. Leandro estava no Centro de Terapia Intensiva (CTI) e
respirava com a ajuda de aparelhos. Outro pescador está internado no mesmo
hospital. Gilney da Silva, de 56 anos, apresenta quadro clínico positivo e deve
receber alta no próximo final de semana.
Outra vítima resgatada, José Cláudio da Conceição Sacramento, de 33, segue
internado no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio. Seu quadro de
saúde é bom, mas ainda não há previsão de alta para ele. Maicon Lima Santos, de
24, Cristiano Pereira de Souza, de 33, e Zenildo de Oliveira Pacheco, de 31, já
receberam alta e passam bem.
Relembre o resgate
Seis pescadores foram resgatados
no dia 27 de junho no litoral de Santa Catarina após ficarem mais de 20 dias à
deriva em alto-mar. Vindo do Espírito Santo, o grupo deixou o município de Cabo
Frio, na Região dos Lagos fluminense, em 27 de maio. No dia 1º de junho, eles
começaram a pescar a aproximadamente 90 quilômetros da costa.
Os pescadores tinham previsão de retorno para o dia 8 ou 9, mas isso acabou
não acontecendo. A Marinha iniciou as buscas no dia 10, quando foi comunicado o
desaparecimento.
Nada significativo, no entanto, foi encontrado.
Na noite do dia 27 de junho, um navio
mercante de bandeira italiana encontrou a embarcação a cerca de 180 km da
costa brasileira, próximo à divisa entre os estados do Paraná e Santa Catarina,
a 500 quilômetros do local de saída, em Cabo Frio.
O navio levou os pescadores até o Rio, onde eles foram transferidos para uma
embarcação da Capitania dos Portos. Segundos os náufragos, uma pane elétrica
danificou o motor e o sistema de comunicação do barco deles, deixando-os à
deriva. Ventos e ondas fortes arrastaram a embarcação para o sul do Brasil.
Sofrimento
Como os pescadores tinham estoque de comida e bebida para apenas 12 dias de
viagem, eles estavam se alimentando de peixes e bebendo
a própria urina. "Não chovia. Não era possível pegar água da chuva",
relembrou Gilney da Silva. "Primeiro começamos a beber a água do radiador.
Depois só sobrou urina. A gente botava para gelar e bebia.
Para sobreviver, o pescador disse que ele e os colegas comeram parte do atum
que conseguiram pescar antes do acidente. "A gente comia peixe cru e açúcar",
lembrou.
O pescador Cristiano Pereira de Souza, de 33, afirmou que chorou de
desespero, sozinho, três vezes, e pedia a Deus para mandar socorro ou “pelo
menos uma chuva”. “O que fiz para merecer isso?”, perguntava a Deus, em suas
orações, contou Cristiano. “Eu soluçava e pensava na minha família”, contou.
Para minimizar a sensação de ficar desidratado, Cristiano usou água do mar e
chupou
olhos de peixe. “Usei água do mar para molhar a boca e cheguei a beber um
pouco. O mestre do barco falou: ‘Olho de peixe é água pura’, e a gente arrancava
e chupava o olho. Eu falava: ‘Me dá um olho de peixe aí’. Mas o gelo derreteu, e
o peixe foi estragando, com 10, 12 dias, e jogamos fora”.
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