Os quatro policiais militares suspeitos de envolvimento no desaparecimento e
morte do menino Juan
Moraes, de 11 anos, foram presos no final da tarde desta quinta-feira (21).
Eles tiveram a prisão temporária de 30 dias decretada na noite de ontem (20)
pela Justiça após solicitação do Ministério Público Estadual. Os quatro PMs serão levados para a Unidade Prisional da corporação, que fica
em Benfica, na zona norte da capital.
Juan desapareceu no dia 20 de junho após ter sido baleado na favela Danon, em
Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O corpo do garoto foi encontrado no início
deste mês no rio Botas, em Belford Roxo, no mesmo município.
O caso começou a ser investigado após o irmão de Juan, Wesley, de 14 anos,
que também foi baleado na Danon, disse ter visto o menino caído e ferido no
chão. Após isso, o garoto não foi mais visto. Na ocasião, um jovem de 19 anos
também foi ferido e um suposto traficante Igor Souza Afonso) acabou morto.
Na época do fato, os PMs registraram o caso na delegacia de Comendador Soares
(56ª DP) como sendo auto de resistência (morte em confronto com a polícia) mas
não mencionaram que Juan tinha sido baleado.
As investigações feitas pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense
indicaram, porém, que não houve confronto entre PMs e bandidos no dia 20 de
junho e que somente os policiais atiraram. A prova surgiu após a análise feita
em cápsulas recolhidas na Danon. O exame de balística indicou que elas saíram de
fuzis usados pelos PMs investigados.
Ameaças
Os quatro PMs presos, identificados como Isaías Souza do Carmo, Edilberto
Barros do Nascimento, Ubirani Soares e Rubens da Silva foram indiciados por dois
homicídios dolosos qualificados (Juan e Igor)cometidos por motivo torpe e pelo
emprego de recurso que dificultou a defesa das vítimas.Respondem também por duas
tentativas de homicídios dolosos (Wesley e um jovem de 19 anos). Segundo o juiz Marcio Alexandre Pacheco da Silva, da 4ª Vara Criminal de Nova
Iguaçu, que decretou a prisão, existe indícios suficientes de autoria do
crime por parte dos PMs para .
“Os fatos em exame revelam a estrita necessidade para que a prisão temporária
seja decretada, a qual não se faz meramente conveniente, mas essencial como
medida asseguradora do bom curso da investigação, uma vez que ainda existem
diligências a ser realizadas, necessárias ao perfeito esclarecimento dos fatos”,
afirmou.
Em sua decisão, o juiz da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu destacou ainda que
os autos demonstram fundado temor que as vítimas e testemunhas, capazes de
trazer elementos para a elucidação dos fatos, vêm sofrendo pela casta dos
indiciados.
“Acrescente-se o episódio em que o corpo da vítima Juan foi encontrado em
local distante ao dos fatos, em conhecido local de desova e já em avançado
estado degenerativo, o que demonstra uma possível tentativa de ocultação de
cadáver a indiciar que, se o próprio corpo como prova pôde ser manipulado, o que
dirá de outras provas”, completou.
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