sábado, 28 de maio de 2011

Número de abortos seletivos de meninas cresce na Índia, diz estudo



O aumento da riqueza e a melhoria da educação na Índia estão aparentemente contribuindo para uma crise nacional de "garotas desaparecidas", com o número de abortos de meninas aumentando drasticamente entre as famílias mais abastadas e educadas nas últimas duas décadas, segundo um novo estudo.

O estudo constatou que o problema do aborto seletivo de meninas tem se espalhado de forma constante em toda a Índia, depois de passar anos sendo confinado a um punhado de Estados conservadores do norte do país.

Mães e avós trazem bebês para tomar vacina em hospital de Satara, na Índia
Os pesquisadores descobriram também que as mulheres de famílias de maior renda e mais instruídas são muito mais propensas do que as mulheres mais pobres a abortar uma menina, especialmente durante a segunda gravidez, caso a primogênita seja uma menina.

"Isso tem implicações profundas", disse Shailaja Chandra, uma das autoras do estudo e ex-diretora do Fundo de Estabilização da População Nacional, nesta terça-feira durante um debate após a divulgação dos resultados. "A escala é muito grande e exige uma intervenção além do que tem sido feito até agora".
O estudo, publicado na revista médica britânica The Lancet, é a mais recente evidência do desequilíbrio cada vez pior na proporção de meninos e meninas na Índia.

O censo de 2011 da Índia revelou que há 914 meninas para cada mil meninos entre as crianças de 6 anos ou menos, a menor proporção de meninas desde que o país ganhou a independência em 1947. O novo estudo estimou que de 4 a 12 milhões abortos seletivos de meninas ocorreram na Índia nas últimas três décadas.

Legislação
O governo aprovou uma legislação destinada a impedir que os pais usem exames de ultrassom ou outras tecnologias para decidir se irão abortar uma menina. No entanto, apesar dessas leis, a situação não melhorou. Poucos médicos que violaram a lei foram processados - a regulação dos prestadores de cuidados de saúde particulares continua muito limitada.

A Índia é similar a muitos países asiáticos, no que muitas famílias preferem os meninos. Nos rituais fúnebres hindus, somente os homens, de preferência um filho do falecido, podem exercer os últimos sacramentos.
Os filhos também costumam herdar os bens e levar o nome da família – enquanto as filhas se casam e passam a integrar outras famílias. A preferência cultural por filhos também é comum entre muitos muçulmanos indianos.

O estudo da Lancet foi realizado por pesquisadores da diversas instituições parceiras, com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos fornecendo parte do financiamento. Cerca de 250 mil partos foram examinados entre 1990 e 2005, usando dados da Pesquisa de Saúde Familiar da Índia, bem como dos Censos realizados entre 1991 e 2011.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/








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