domingo, 29 de maio de 2011

Programa Renascer, Servir e Proteger atende a 31 policiais com deficiência física

No dia 12 de janeiro de 2001, Abraão Barbosa dos Santos, de 44 anos, foi baleado na frente dos filhos ao chegar em casa, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. O policial militar, que era lotado no Batalhão de Olaria (16º BPM), ficou paraplégico, traumatizado e com medo de sair de casa por quase dez anos. A vida de Santos mudou quando ele conheceu o projeto Renascer, Servir e Proteger.

Promovido pelo Centro de Saúde Mental, Física e Desportos, em parceria com a Diretoria de Assistência Social da PM, o programa atende 31 policiais que se tornaram deficientes físicos combatendo a criminalidade e tem como objetivo melhorar a qualidade de vida de ex-agentes através do esporte.

- Depois que descobri o projeto, vi que nós podemos sair, nos divertir e praticar esportes. O projeto abriu muitas portas para mim que só ficava dentro de casa bloqueado pelo medo. Hoje eu faço basquete três vezes por semana.
Com a voz embargada, ele contou que não foi fácil recomeçar, pois ficou internado cinco meses, teve fratura exposta, parada cardíaca e ficou em coma. Mesmo depois de passar por todas as dificuldades, Santos diz não se arrepender de ter entrado para a polícia.

- Quando entramos na corporação, não imaginamos que vai acontecer com a gente, mas tudo é possível. A gente entra e sabe dos riscos.
Dos cerca de 40.000 homens que a Polícia Militar estima ter em seu efetivo, 79 se feriram enquanto estavam no trabalho, até o dia 25 de maio deste ano. Em 2010 foram 237 e em 2009, 279. Apesar da estatística ser recente, os feridos em serviço são antigos. Em 2001, Jonas Aranha estava no banco da frente da viatura em que trabalhava quando outro policial, sentado no banco de trás, disparou acidentalmente contra ele.

- Vai fazer 11 anos que sou cadeirante. Estou no projeto desde o início e tudo melhorou. Hoje sou da seleção brasileira de handbol e da regional de basquete.

Esportes para deficientes

O projeto que incentivou Jonas e Abraão tem um ano e oito meses e oferece sete atividade diferentes: basquete, rugby, tênis de mesa, natação, atletismo, halterofilismo e handebol. Uma equipe de profissionais de educação física, psicologia e medicina esportiva faz parte do programa, que funciona no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da Polícia Militar do Rio de Janeiro, em Sulacap, na zona norte da cidade.

O coordenador do Renascer, Servir e Proteger, coronel Marco Aurélio, disse que os novos atletas demoram aproximadamente quatro meses para se adaptar aos esportes.

- Depois desse período eles parecem outra pessoa. Tem uns que chegam aqui um lixo, um bagaço, e depois melhoram a auto estima, fortalecem os músculos e passam a ser independentes.

Segundo a psicóloga Maria Leila Alves da Silva, da Fundação Assegura, que também faz um trabalho de ressocialização de policiais militares reformados, os PMS têm mais dificuldade em retomar a vida devido à formação acadêmica.

- Ele se achava importante diante da sociedade e, quando fica inativo, perde isso. Pela disciplina do trabalho, eles quase acreditam que estão acima de qualquer coisa porque são colocados na rua e permanecem lá faça chuva ou faça sol. Quando sai da ativa, ele se sente inútil. O principal nesse tipo de projeto é retomar a auto estima e manter o cérebro trabalhando.



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