quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Envolvidos no 'caso dos livros' ficam frente a frente em João Pessoa

A Câmara Municipal de João Pessoa realizou nesta quinta-feira (15) uma audiência pública para discutir um suposto desvio de verbas de uma licitação da prefeitura, relatado em uma reportagem da revista Época em novembro, que ficou conhecido como 'caso dos livros'. Foi a primeira vez que todos os envolvidos no caso se encontraram. Estiveram no legislativo municipal o empresário Daniel Cosme Gonçalves, que delatou a suposta irregularidade; Pietro Harley Félix, apontado como operador do desvio por Daniel; e também os secretários da prefeitura da capital que foram citados na reportagem.

Em depoimento, Daniel Gonçalves repetiu as acusações que fez à revista Época, dando conta que a empresa, da qual é proprietário, venceu em 2010 uma licitação para fornecer livros para o executivo municipal, mas não recebeu o pagamento, de R$ 2,3 milhões. Segundo o empresário, o dinheiro teria sido desviado para a campanha do atual governador Ricardo Coutinho (PSB), pelo representante da sua empresa, Pietro Harley Félix.

“Foi armado um grande esquema de desvios dessas verbas para fins escusos. Peço aos senhores vereadores que solicitem a quebra de sigilo telefônico e bancário de todos os envolvidos nesse caso, sobretudo de Pietro”, disse Daniel na tribuna da Câmara. O empresário também afirmou que parte do dinheiro que deveria ter sido pago a ele foi depositada em uma conta bancária, na cidade de Santa Luzia, Sertão da Paraíba, e que o titular da conta seria um homem que morreu no ano de 2008. Ele também voltou a dizer que sua empresa não possuía sócios e por isso os recursos não poderiam ter sido repassados para Pietro.

O procurador-geral da prefeitura de João Pessoa, Vandalberto de Carvalho, disse que quando foi firmado o contrato entre o executivo municipal e a empresa de Daniel Gonçalves o empresário apresentou uma procuração dando plenos poderes a Pietro Harley. “A pessoa jurídica tem uma pessoa física que a representa. Nesse caso quem representou a empresa de Daniel foi o senhor Pietro Harley”, afirmou. O procurador disse que um documento similar foi encaminhado para o Banco do Brasil dando assim direito ao mesmo fazer operações bancárias em nome da empresa. Para Vandalberto a questão seria apenas um problema entre sócios.

Daniel disse que a procuração citada pelo procurador era falsa e sua versão foi contestada por Pietro Félix. “Ele fez uma procuração me dando plenos poderes. Eu o desafio para fazer um exame grafotécnico para saber se a assinatura é realmente falsa”, ponderou. Pietro, no entanto, não foi claro sobre o pagamento dos R$ 2,3 milhões , disse que estranhava as cobranças feitas pelo empresário e apresentou um cartão da conta bancária da empresa de Daniel.

O secretário de Transparência da prefeitura da capital, Alexandre Urquiza, um dos citados por Daniel na reportagem da revista Época, também usou a tribuna da Câmara para rebater as afirmações do empresário. “Os pagamentos foram feitos normalmente entre março e maio e curiosamente ele só veio reclamar que não tinha recebido em outubro do ano passado,quase sete meses depois. Então existe algo aí que precisa ser esclarecido”, afirmou.

Além de Alexandre Urquiza, também compareceram à Câmara Coriolano Coutinho, que é superintendente da Empresa Municipal de Limpeza Urbana (Emlur); e o ex-secretário de Transparência e atual presidente estadual do PSB, Edvaldo Rosas. Os dois também foram citados por Daniel na revista Época, mas ambos preferiram não usar a palavra durante a audiência pública.



Fonte: G1

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