sábado, 27 de agosto de 2011

Guerra entre traficantes deixa mortos e doentes, diz morador da Vila Kennedy

Uanderson Fernandes / Ag. O Dia
Patrulha kennedy
Policiais do 14º BPM fazem patrulhamento na Vila Kennedy

Há quatro meses a Vila Kennedy, comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro, vive sob o terror causado pelo confronto entre traficantes rivais que brigam pelo controle do tráfico de drogas na região. Segundo a associação de moradores, a comunidade tem cerca de 120 mil habitantes, que vivem constantemente no fogo cruzado e são as principais vítimas da falta de segurança no bairro. Além de já ter feito diversas vítimas de balas perdidas, a disputa entre os traficantes provoca nos moradores o surgimento de doenças como depressão e síndrome do pânico. Só na última quarta-feira (24), quatro corpos foram encontrados na comunidade.


Segundo Jorge Melo, articulador da campanha Kennedy Quer Paz, a população não pode viver apavorada, com medo de andar nas ruas, de sair de casa ou frequentar as escolas. Somente entre os dias 2 de maio e 24 de agosto, ao menos 30 pessoas perderam suas vidas na Vila Kennedy, como disse o tenente-coronel Djalma Beltrami, comandante do Batalhão de Bangu (14º BPM). Com o objetivo de promover a paz na região, Melo criou o movimento depois que o menino Marlison, de 12 anos, morreu no dia 5 de maio deste ano, vítima de bala perdida. Ele foi atingido na cabeça, dentro de casa e estava sentado no sofá da sala.


Ainda segundo Melo, além dos feridos a tiros, é alarmante o número de moradores que desenvolveram doenças psicológicas por conta da violência na região. - Tem muita gente com síndrome do pânico, outras com depressão e gente que está se mudando de casa. Soube que um senhor enfartou e está internado na UPA [Unidade de Pronto Atendimento] depois que criminosos invadiram a casa dele em busca de abrigo.


O medo atinge, inclusive, crianças que aos poucos estão abandonando as escolas da comunidade. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, na última segunda-feira (22) uma escola precisou ser fechada por conta de um tiroteio nas proximidades do colégio. Ainda de acordo a secretaria, as demais unidades da região, entre elas uma creche, registraram baixa frequência durante a semana.


Para a o comandante do Batalhão de Bangu, a violência no local teve início após a divisão de uma facção criminosa, que controlava o tráfico de drogas na comunidade. Parte do grupo foi buscar apoio em outras comunidades e desde então, os grupos entram em conflito quase que diariamente, para dominar o território.


- Os moradores estão assustados, contudo, a polícia está no local para proteger as pessoas de bem. Eles levam uma vida normal, mas correm o risco de viver em uma comunidade que ainda não foi pacificada.


Segundo o secretário de Segurança José Mariano Beltrame, a solução definitiva para a Vila Kennedy é a pacificação, que já está planejada.


- Nós não podemos fazer uma UPP nesse lugar ou em outro lugar sem termos a logística, sem trabalharmos para obtermos toda a situação que possa oferecer o programa de UPP a essa comunidade, como vai ser oferecido. Enquanto isso não ocorre, a polícia atua de uma maneira pontual.


Fonte: R7

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