quarta-feira, 13 de julho de 2011

Morre pescador resgatado após ficar mais de 20 dias à deriva

 
Um dos pescadores que foram resgatados após ficarem mais de 20 dias à deriva em alto-mar morreu na madrugada desta quarta-feira (13). Leandro Vidal Martins, de 34 anos, estava internado no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, zona norte do Rio.
 
De acordo com a unidade, o pescador morreu em decorrência da desidratação e de complicações renais. Leandro estava no Centro de Terapia Intensiva (CTI) e respirava com a ajuda de aparelhos. Outro pescador está internado no mesmo hospital. Gilney da Silva, de 56 anos, apresenta quadro clínico positivo e deve receber alta no próximo final de semana.
 
Outra vítima resgatada, José Cláudio da Conceição Sacramento, de 33, segue internado no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio. Seu quadro de saúde é bom, mas ainda não há previsão de alta para ele. Maicon Lima Santos, de 24, Cristiano Pereira de Souza, de 33, e Zenildo de Oliveira Pacheco, de 31, já receberam alta e passam bem.


Relembre o resgate

Seis pescadores foram resgatados no dia 27 de junho no litoral de Santa Catarina após ficarem mais de 20 dias à deriva em alto-mar. Vindo do Espírito Santo, o grupo deixou o município de Cabo Frio, na Região dos Lagos fluminense, em 27 de maio. No dia 1º de junho, eles começaram a pescar a aproximadamente 90 quilômetros da costa.

Os pescadores tinham previsão de retorno para o dia 8 ou 9, mas isso acabou não acontecendo. A Marinha iniciou as buscas no dia 10, quando foi comunicado o desaparecimento. Nada significativo, no entanto, foi encontrado.


Na noite do dia 27 de junho, um navio mercante de bandeira italiana encontrou a embarcação a cerca de 180 km da costa brasileira, próximo à divisa entre os estados do Paraná e Santa Catarina, a 500 quilômetros do local de saída, em Cabo Frio.

O navio levou os pescadores até o Rio, onde eles foram transferidos para uma embarcação da Capitania dos Portos. Segundos os náufragos, uma pane elétrica danificou o motor e o sistema de comunicação do barco deles, deixando-os à deriva. Ventos e ondas fortes arrastaram a embarcação para o sul do Brasil.

Sofrimento

Como os pescadores tinham estoque de comida e bebida para apenas 12 dias de viagem, eles estavam se alimentando de peixes e bebendo a própria urina. "Não chovia. Não era possível pegar água da chuva", relembrou Gilney da Silva. "Primeiro começamos a beber a água do radiador. Depois só sobrou urina. A gente botava para gelar e bebia.

Para sobreviver, o pescador disse que ele e os colegas comeram parte do atum que conseguiram pescar antes do acidente. "A gente comia peixe cru e açúcar", lembrou.

O pescador Cristiano Pereira de Souza, de 33, afirmou que chorou de desespero, sozinho, três vezes, e pedia a Deus para mandar socorro ou “pelo menos uma chuva”. “O que fiz para merecer isso?”, perguntava a Deus, em suas orações, contou Cristiano. “Eu soluçava e pensava na minha família”, contou.

Para minimizar a sensação de ficar desidratado, Cristiano usou água do mar e chupou olhos de peixe. “Usei água do mar para molhar a boca e cheguei a beber um pouco. O mestre do barco falou: ‘Olho de peixe é água pura’, e a gente arrancava e chupava o olho. Eu falava: ‘Me dá um olho de peixe aí’. Mas o gelo derreteu, e o peixe foi estragando, com 10, 12 dias, e jogamos fora”.



Nenhum comentário:

Postar um comentário